quinta-feira, 17 de abril de 2008

A politica subtil da Câmara Municipal

por José Carlos Sousa

Na senda da sua obsessão pela propaganda contínua, a Câmara Municipal e as politicas de Castro Fernandes não olham a meios para defender o seu regime, nem que para isso recorram às mais subtis formas de enganar o povo.
Apelidado de ser um estudo inovador desenvolvido pela INTEC (Instituição Académica Especialista em Estudos na Área Humana ), que fizera o dito estudo, imagine-se, em apenas onze municípios, onde se inclui Santo Tirso, sobre qualidade de vida abordando dez áreas diferentes ( urbanismo e habitação; acessibilidades e transportes; ensino e formação; economia e emprego; cultura e lazer; turismo felicidade; diversidade e tolerância), onde catapulta o município tirsense para lugares promissores em algumas das áreas citadas.
Sem querer ofender a instituição em causa, a verdade é que este trabalho de pesquisa não pode merecer qualquer credibilidade. Basta verificar que Portugal dispõe de um universo de 308 municípios, ao que a INTEC apenas contemplou onze, ou seja, cerca de 3,6% do número de municípios.
Por isso, não será necessário indagar muito para perceber que Santo Tirso foi encaixado neste estudo para fins políticos, ou antes, para propaganda politica a que os tirsenses já se habituaram.
Para percebermos melhor a realidade, teremos que recuar um pouco no tempo e vasculhar algumas citações da Câmara, de alguns jornais e declarações de Castro Fernandes à imprensa local e nacional.
Num panfleto distribuído por um partido da oposição, há cerca de dois anos, sob o título: « Santo Tirso na cauda do desenvolvimento », cujos dados foram retirados de um sítio da Internet ( w.w.w.guiadeportugal.pt ), onde Santo Tirso surge, e agora no universo dos 308 municipios, em 306º lugar em áreas idênticas ao estudo protagonizado pela INTEC.
É claro que estes valores se referem à votação da população em geral através da Internet. De qualquer modo é sinal que algo não vai lá muito bem. Mas, no referido panfleto, continha ainda transcrito um diagnóstico social patrocinado pela Câmara Municipal que parecia justificar este atraso. Alguns constrangimentos a destacar: a inexistência de uma clara definição do perfil de desenvolvimento da região; acessos deficientes de algumas freguesias à cidade de Santo Tirso; persistência de dinamização produtiva assente em salários baixos e baixas qualificações escolares e profissionais; deficiente rede de transportes públicos em certas localidades; movimentos populacionais de abandono devido ao decréscimo de emprego na região, etc.
Podemos, no entanto, confirmar alguns destes dados e contrariar outros da INTEC pela boca do próprio Presidente da Câmara, Castro Fernandes, em entrevista ao jornal Público, no dia 21/09/2007, relativa à reivindicação de verbas do QREN ( Quadro de Referência Estratégica Nacional ) por parte dos autarcas do Vale do Ave.
Fernandes alerta para o facto da região atravessar uma situação muito difícil com um desemprego perto do dobro da média nacional, cerca de 14%. Além disso, continuou, existem camadas significativas da população com baixos níveis de escolaridade em situação de desemprego de longa duração, acima dos 45 anos, onde 60% são mulheres. Nessa mesma entrevista salienta que o Vale do Ave precisa de um forte investimento na competitividade, formação e educação. E conclui que as ligações rodoviárias entre Santo Tirso – Guimarães estão saturadas.
Noutra entrevista, já este ano, no dia 10/02/2008, no mesmo jornal e publicada na íntegra na semana seguinte no Jornal de Santo Tirso, Fernandes vai mais longe ao criticar o Governo e José Sócrates por estes não darem a atenção devida a esta região: « Há três anos que andamos a pedir coisas e não acontece nada. Esta região precisa de medidas urgentes que ajudem a minorar os efeitos da crise ». E disse ainda: « A formação é fundamental e, além disso, a rede nacional de estradas precisa muito de apoios, assim como a área de saúde ».
No final da entrevista, o jornal fez uma referência pouco animadora relativa aos indicadores sociais dos dez concelhos que compõe a AMAVE, onde se inclui Santo Tirso, com baixo poder de compra e ainda com elevadas taxas de abandono escolar.
Com a visita do Ministro do Ambiente, Nunes Correia, ao Vale do Ave onde reuniu com a AMAVE, no dia 14/02/2008, para acertar o montante das verbas a atribuir à região tendo em conta o QREN relativo ao Programa de Desenvolvimento Integrado Regional para o Vale do Ave, mais uma vez, a aflição por parte de Castro Fernandes não se fez esperar ao sensibilizar o ministro para os problemas do Ave, onde reiterou que o desemprego era de 14%, esperançado que Nunes Correia levasse o recado a José Sócrates. E relembrou que, na sua opinião, o Vale do Ave teria direito a mil milhões de euros do QREN: « Temos expectativas muito positivas, pois está na hora do país ser solidário com o Vale do Ave ». Estas declarações foram retiradas do Jornal de Santo Tirso.
Como se não bastasse, o Jornal de Notícias publicou, no dia 10/04/2008, um estudo da Marktest que, após uma análise aos dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), conclui que Santo Tirso tem a maior taxa de desemprego a nível nacional, contabilizando 5545 desempregados em Dezembro de 2007.
Mas ainda há mais. Num estudo levado a cabo pelo jornal Expresso sob o título: « Classificação Expresso das melhores cidades portuguesas para viver em 2007 », e publicado no dia 06/01/2007, abarcando vinte critérios, desde a qualidade urbanística, passando pela oferta cultural, espaços verdes, comercio, acessibilidades até à capacidade de atracção estudantil, Santo Tirso não figura nas primeiras cinquenta, ficando bem classificadas, aqui no norte, Guimarães (2º lugar), Porto (3ºlugar) e Braga (7º lugar), entre outras. Em primeiro lugar ficou Lisboa.
Depois de analisarmos todos estes dados, podemos seguramente constatar que Santo Tirso e o seu concelho têm ainda muito que caminhar para resolver os seus problemas, e não adianta a um poder politico instituído que pretende perpetuar no poder a qualquer custo, tentar enganar deliberadamente o povo. È uma atitude imoral.