quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O Sócrates, o Durão e o Castro Fernandes

Por José Carlos Sousa

Nunca se viu na vida politica portuguesa um Primeiro-Ministro falar e intervir tanto como se vê hoje em dia José Sócrates.
Fala e intervém em todas as áreas ministeriais, como se tivesse açambarcado todas as respectivas pastas - como Salazar o fizera a certa altura - deixando quase ao esquecimento os ministros da tutela. E fala e intervém, aparentemente, no mais insignificante assunto, desde que este seja mediático. No meio de tudo isto há um denominador comum: fala e intervém calorosamente quando se trata de anunciar uma qualquer boa-nova, caso contrário remete a tarefa para o respectivo ministro. Ou seja, quando está bom tempo, sai à rua, quando chove, enclausura-se em S. Bento.
José Sócrates aproveita as boas ocasiões para discursar com uma imagem de esperança e preenche o momento com um certo glamour, ao contrário de Durão Barroso que transmitia um discurso temeroso acompanhado da célebre frase: “ O país está de tanga”. Um criou o Código do Trabalho, o outro agravou-o.
Cá por Santo Tirso a situação é idêntica, apenas vivida à escala regional. Castro Fernandes há muito que aprendera a lição com o regime instituído. Ou será que tem sido o inverso?
Para a Comunicação Social está sempre bem presente e até de forma abusiva. Não há momento algum em que não esteja pronto para a célebre “ foto de família”!
No que diz respeito à sua prática politica, o seu papel é o de actor, tal como José Sócrates. Faz falsas e até ridículas inaugurações, como no caso do futuro Centro Cultural Municipal, onde fez uma festa nas ruínas deste, entre outros casos igualmente patuscos.
Recentemente, tem-se escudado insistentemente no sucesso, segundo ele, da despoluição do rio Ave. Acontece, porém, que quando fala publicamente sobre o assunto, nunca o demonstra com provas concretas, apenas com provas circunstanciais. O simples facto de existirem certas espécies que se adaptam ao ecossistema, e de outras com dimensões apreciáveis, não significa que o rio esteja despoluído convenientemente, porque há explicações cientificas que contrariam a aparente adaptabilidade das espécies citadas.
O que é bem verdade, é que o concelho de Santo Tirso está entre os mais atrasados do país, com a maior taxa de desemprego, como cartão de visita. Embora o recente anúncio da criação de 600 postos de trabalho, com a instalação de um Call Center da PT ( ainda que tudo indique que os contratos de trabalho sejam precários ), seja um passo para a diminuição do flagelo de desemprego na região, deveria servir, ao mesmo tempo, de exemplo para que o poder local implantasse uma prática de forte reivindicação de programas de investimento junto do poder central, e deixar-se definitivamente desse mau vício de andar sistematicamente a iludir o povo com politicas eleitoralistas.