sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Rio Ave - Uma crónica ambiental

por José Carlos Sousa (jcarloscs@sapo.pt)


Fiquei atónito quando li as declarações do reeleito Presidente da AMAVE, Castro Fernandes, sobre a despoluição do rio Ave. Preparava-me para escrever este artigo quando, em 26/01/07, na comunicação social local, constatei tais factos, pois ao que parece, seriam necessários mais 125 milhões de euros ( 25 milhões de contos ) para despoluir o fatídico rio.
Dizia Castro Fernandes que se estava no bom caminho na despoluição do Ave, porque já se encontravam ligadas cerca de 350 industrias poluentes ao SIDVA ( Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave ). Quem não tem conhecimento da questão, que creio ser a esmagadora maioria da população, até julga satisfatórias estas declarações. Infelizmente, as coisas não são assim tão simples.
Há cerca de quatro ou cinco anos, Castro Fernandes que, na qualidade de Presidente da AMAVE, creio eu, vai à RTP1 e, num programa equivalente ao que esta estação exibe actualmente e diariamente ao princípio da noite, « Portugal Directo», diz, com etusiasmo, que a toxicidade das águas do Ave estava praticamente resolvida, só faltaria resolver o problema da sua coloração, mas que os técnicos ainda não tinham descoberto o processo.
Na altura acreditei nas suas palavras, mas em 17 de Fevereiro de 2006, Rui Cortes, professor catedrático do Departamento Florestal da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), num programa, também da RTP1, sob o título « Portugal, Um retrato Ambiental», referente, nesse dia, aos rios onde constava o Ave, fez declarações surpreendentes que me deixou perplexo. Dizia este especialista que as análises feitas à agua davam sempre os mesmos valores (referindo-se a valores de poluição), que as Etars construídas neste rio teriam sido um fracasso e que as autoridades competentes, nomeadamente governamentais, não se mostravam muito interessadas neste assunto.
Para confirmar estes novos dados, consultei a página da Internet do Instituto da Água (INAG). Ao aceder à Bacia Hidrográfica Ave/Leça, que assim se apresenta, verifiquei dados desde 1995 até 2005. Estes apresentam-se sob a forma de um diagrama colorido e quantificado percentualmente quanto ás condições da qualidade da água da respectiva Bacia Hidrográfica: Boa, Razoável, Má e Muito má, respectivamente.
A evolução da qualidade da água, neste onzes anos, são muito interessantes. Entre 1995 e 1996, a percentagem de água Boa é de (16%), Razoável (33%) e Muito má (50%). Entre 1997 e 1999, a percentagem de Boa é de (16,7%); Má (50%) e Muito má (33,3%). Em 2000, regista-se um empate de 33,3% para Boa; Razoável e Muito má, respectivamente. Em 2001, a excepção. A água Razoável era de 100%. A partir daí até 2004, cai para Má (100%) e em 2005, último ano com análises apresentadas, a situação piorou para a classificação de Muito má (100%) da Bacia Leça/Ave. Aos interessados, estes dados encontram-se disponíveis em: http://snirh.inag.pt/
Depois de observar estes resultados, entendi, então, melhor as declarações que Castro Fernandes fizera à televisão, pois devia referir-se a 2001 que foi, segundo estes dados, o ano de “ouro” para a qualidade da água do Ave. Porque será que a partir dessa data a água piorou abruptamente mesmo quando se verificou mais encerramentos de indústrias poluentes, designadamente de origem têxtil? Em primeiro lugar, o actual Presidente da AMAVE tem o dever e a obrigação moral de explicar esta situação convenientemente. Não se compreende porque disse, no passado recente, que a toxicidade estava resolvida e agora são necessários mais 125 milhões. No entanto, pode-se adiantar que existe uma série de factores que contribuem para este problema, nomeadamente a falta de fiscalização adequada junto das indústrias poluentes. È sabido, por exemplo, que muito dinheiro destinado a equipamento de despoluição destinado às fábricas, foi desviado para o seu aparelho produtivo.
Mas ainda resta um trunfo muito forte para os que acreditam que o rio Ave esteja praticamente despoluído: existem torneios de pesca e existe peixe em abundância!!

No dia 15 de Janeiro do ano em curso, Adriano Bordalo e Sá, hidrobiólago e investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, fez importantes declarações à Lusa sobre a poluição do rio Leça. Dizia, por exemplo, que também tinha havido um plano para despoluição e gestão do rio, mas que tinha ficado na gaveta, também. Disse, ainda, a certa altura, que Santo Tirso e Valongo ainda não tinham saneamento nas zonas banhadas pelo rio, daí um dos contributos para a sua poluição e que este era um dos rios mais poluídos de Portugal onde, por vezes, se observam peixes mortos , entre muitas outras considerações relevantes.
Ao aperceber-me da sua perícia nesta matéria, não hesitei em questioná-lo sobre o aparecimento de tantos peixes no Ave. A resposta foi célere, ainda que desconhecendo dados relativos a este rio, foi dizendo que, pelo facto de aparecerem mais peixes, não era razão suficiente para se acreditar na sua recuperação. Seria necessário averiguar quais as espécies. E, continuou, explicando que há um processo de selecção natural que ocorre ao longo do tempo em que sobrevivem as espécies que melhor se adaptam às condições dominantes. Por fim, haveria que verificar qual o estado fisiológico em que se encontram, nomeadamente em termos de alterações hormonais, dando o exemplo de aparecerem, com frequência, espécies dominantes com graves problemas hormonais, o que indica a má qualidade da água devido à poluição industrial.
Poderíamos ir mais longe nos atentados ambientais a este rio como descreveu, há uns tempos atrás, no Jornal de Santo Tirso, o professor catedrático na área de geologia, M. Montenegro de Andrade, nas suas crónicas semanais com o título “A prepósito e a desprepósito” onde denunciou e até considerou de “o maior crime ambiental em Santo Tirso” relativo ao desaparecimento, por completo, das suas areias.
Cá por mim, não arriscaria, por nada deste mundo, fazer uma almoçarada ou jantarada com quaisquer espécies que actualmente habitam neste rio. Para quem ainda acredita que este curso de água esteja mais limpo, vejam a côr da sua água (de meter medo), vejam a espuma por ela transportada persistentemente e que, acima de tudo, não se deixem enganar com mentiras e demagogia.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Introdução

Como havíamos dito, no folheto eleitoral para as eleições autárquicas de 2005, a modernidade estaria sempre presente na nossa orientação. Este sítio na internet é uma resposta inequívoca a essa ambição.
Foi elaborado, ou antes, está a ser elaborado, para derrubar o muro de silêncio, o obscurantismo em relação à vida política de S. Miguel, onde os cidadãos desta freguesia, e até mesmo do concelho, eram esquecidos e só lembrados em actos eleitorais. Neste espaço, serão publicados temas de âmbito político mas também de outras áreas, no sentido de informar e tornar este projecto mais atractivo e funcional.
Outra vantagem, será a total ausência de censura que, por ventura, tentasse actuar por parte de lobbies políticos, que por vezes actuam noutros meios de comunicação, pois será um meio de difusão absolutamente inexpugnável, com total liberdade, que se tecerá pela verdade, pela coerência, pela responsabilidade.
A partir daqui, S. Miguel do Couto deixa de ser uma freguesia muda, no contexto concelhio, e tem a grande oportunidade de ter uma voz activa na denúncia de injustiças, irregularidades e na reivindicação, para que esta pequena comunidade e o próprio concelho, com esta postura, trilhem o caminho do verdadeiro progresso.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Sobre o resultado do referendo da IVG

A CDU - S. Miguel agradece a todos quantos se empenharam nesta nobre luta pelo SIM, na despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, porque com a mesma, torna finalmente possível uma maior justiça e liberdade para as mulheres portuguesas.